Como o manto de Penélope: a literatura e o princípio da igualdade
DOI:
https://doi.org/10.21119/anamps.8.1.e1033Palavras-chave:
crítica literária, romance moderno, romance burguês, igualdade, crise da democraciaResumo
Por seu conteúdo, por evidenciar a imensa desigualdade entre homens e mulheres de carne e osso, o romance moderno ou burguês educa o leitor naquilo que Martha Nussbaum denomina "juízo de possibilidades semelhantes", estimula a perceber a igual dignidade das pessoas: ele é, portanto, formidável promotor do valor moral e jurídico da igualdade. O romance moderno não se limita a oferecer ao público que os indivíduos mudam de acordo com as circunstâncias, ele o acostuma a pensar que se têm o direito de querer mudar: a sua aparição foi, portanto, também um significativo fator psicológico da mobilidade social. Depois de ter desmascarado o álibi do sucesso econômico e social como sinônimo de mérito e virtude e de, assim, ter colocado em xeque a imperfeita afirmação da igualdade na ordem das relações políticas (acabando, em outras palavras, com a forma da democracia censitária), a literatura pressiona hoje para libertar o princípio da igualdade, universalista por essência, de outra contradição: do declínio em reduzida escala dos Estados individuais e separados. Esta é apenas uma das boas razões para introduzir um pouco de literatura na formação dos juristas.
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Referências
GROSSI, Paolo. L’Europa del diritto. Roma-Bari: Laterza, 2007.
LLOSA, Mario Vargas. La civilización del espectáculo. Madrid: Alfaguara, 2012.
NUSSBAUM, Martha. Frontiers of Justice: Disability, Nationality, Species Membership. Cambridge (Mass.); London: The Belknap Press of Harvard University Press, 2006.
WATT, Ian. The Rise of The Novel. London: Chatto and Windus, 1957.
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