A palavra Não. Cor, ausência e direito em “Kaddish pelo filho não nascido”, de Imre Kertész
DOI:
https://doi.org/10.21119/anamps.21.17-31Palavras-chave:
Imre Kertész, direitos humanos, teoria da cor, ausência, memóriaResumo
O trabalho analisa o romance de Imre Kertész Kaddish pelo filho não nascido, a partir das relações entre memória, ausência e Direito. Utilizam-se algumas das perspectivas que as Teorias da Cor de Newton e de Goethe oferecem para traçar simetrias com uma possível Teoria da Cor dos Direitos Humanos e definir, dentro dessa teoria, o branco como cor associada à ausência, ao luto, à impossibilidade de surgimento do Direito, uma cor não iluminável nem transformável em outras. O Holocausto se associa ao preto absoluto – não iluminável pelo Direito –, que produz a impossibilidade de memória, a negação da continuação dos relatos. O eventual novo pacto jurídico que se constrói após o Holocausto deve oferecer uma cláusula adicional: a necessidade de continuar com o Direito como se. A continuidade no Direito exige agora incluir a obrigação de não esquecer as consequências e contemplar a linguagem dos relatos e do próprio Direito como uma linguagem expulsa, a qual chegou a servir para gerar um perverso discurso justificatório, e que agora podemos ver como uma língua exilada que suporta a carga da memória e dos que jamais poderão conquistar uma voz.Downloads
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