A palavra Não. Cor, ausência e direito em “Kaddish pelo filho não nascido”, de Imre Kertész

Autores

  • Felipe Navarro Martínez Universidad de Málaga (UMA)

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.21.17-31

Palavras-chave:

Imre Kertész, direitos humanos, teoria da cor, ausência, memória

Resumo

O trabalho analisa o romance de Imre Kertész Kaddish pelo filho não nascido, a partir das relações entre memória, ausência e Direito. Utilizam-se algumas das perspectivas que as Teorias da Cor de Newton e de Goethe oferecem para traçar simetrias com uma possível Teoria da Cor dos Direitos Humanos e definir, dentro dessa teoria, o branco como cor associada à ausência, ao luto, à impossibilidade de surgimento do Direito, uma cor não iluminável nem transformável em outras. O Holocausto se associa ao preto absoluto – não iluminável pelo Direito –, que produz a impossibilidade de memória, a negação da continuação dos relatos. O eventual novo pacto jurídico que se constrói após o Holocausto deve oferecer uma cláusula adicional: a necessidade de continuar com o Direito como se. A continuidade no Direito exige agora incluir a obrigação de não esquecer as consequências e contemplar a linguagem dos relatos e do próprio Direito como uma linguagem expulsa, a qual chegou a servir para gerar um perverso discurso justificatório, e que agora podemos ver como uma língua exilada que suporta a carga da memória e dos que jamais poderão conquistar uma voz.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Felipe Navarro Martínez, Universidad de Málaga (UMA)

Doctorado en Derecho por la Universidad de Málaga (UMA). Profesor asistente de Filosofía del Derecho de la Universidad de Málaga (UMA).

Referências

ARENDT, Hannah. Eichmann en Jerusalén (1963). Trad. de Carles Ribalta. Barcelona: Debolsillo, 1999.

BORGES, Jorge Luis. El arte narrativo y la magia. Sur, año II, n. 5, p. 172-179, 1932a.

BORGES, Jorge Luis. El arte narrativo y la magia. In: BORGES, Jorge Luis. Discusión. Buenos Aires: Glazer, 1932b. p. 109-124.

BORGES, Jorge Luis. Prólogo. In: MELVILLE, Hermann. Benito Cereno Billy Budd Bartleby, el escribiente. Madrid: Hyspamérica Ediciones, 1985.

FERNÁNDEZ ESCALANTE, Manuel F. Sobre el concepto y origen de la voz sanción. El imperio de los arios y el imperio de los rojos. Córdoba: [s.n.], 1983.

KERTÉSZ, Imre. Kaddish por el hijo no nacido (1990). Trad. de Adan Kovacsics. Barcelona: El Acantilado, 2001.

KERTÉSZ, Imre. Diario de la galera (1992). Trad. de Adan Kovacsics. Barcelona: El Acantilado, 2004.

KERTÉSZ, Imre. La lengua exiliada (2000). Trad. de Adan Kovacsics. Madrid: Taurus, 2007.

RADBRUCH, Gustav. Arbitrariedad legal y derecho supralegal. Trad. de Mª Isabel Azareto de Vásquez. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1962.

RADBRUCH, Gustav. Gesetzliches Unrecht und übergesetzliches Recht. Süddeutsche Juristen Zeitung, n. 1, v. 5, p. 105-108, 1946.

VAIHINGER, Hans. Die Philosophie des Als-Ob. System theoretischen, praktischen und religiösen Fiktionen der Menschheit auf Grund eines idealistichen Positivismus; mit e. Anh. über Kant u. Nietzsche. Berlin: Reuther & Reichard, 1911.

Publicado

2016-08-24

Como Citar

NAVARRO MARTÍNEZ, F. A palavra Não. Cor, ausência e direito em “Kaddish pelo filho não nascido”, de Imre Kertész. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 17–31, 2016. DOI: 10.21119/anamps.21.17-31. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/209. Acesso em: 17 fev. 2025.

Edição

Seção

Artigos