Aviso legal – essa é uma obra de ficção: a relação entre direito e literatura nos romances "A balada de Adam Henry", de Ian McEwan, e "O rei pálido", de David Foster Wallace

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.51.215-234

Palavras-chave:

direito, literatura, estrutura narrativa, Ian McEwan, David Foster Wallace.

Resumo

O objetivo deste artigo é explorar uma relação ainda pouco examinada no âmbito do debate contemporâneo sobre direito e literatura. A tese aqui defendida é que o direito, no âmbito da produção cultural contemporânea, e mais especificamente nos romances A balada de Adam Henry (2014) de Ian McEwan, e O rei pálido (2011) de David Foster Wallace, pode não apenas ser objeto de uma narrativa de ficção. O direito, tal como pretendemos mostrar neste artigo, muitas vezes tem também o poder de criar o espaço da ficção. Compete muitas vezes ao direito, no contexto da produção cultural contemporânea, caracterizar uma dada narrativa como uma obra de ficção.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcelo de Araujo, Professor de Filosofia do Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Ética da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador Bolsista de Produtividade do CNPq.

Doutorado em Filosofia pela Universidade de Konstanz, Alemanha, 2002. Professor Associado de Ética da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor de Filosofia do Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisador Bolsista de Produtividade do CNPq. Teve projetos de pesquisa financiados pelas seguintes agências de fomento: DAAD, CAPES, FAPERJ, Fundação Alexander von Humboldt. Realizou pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Konstanz (2007-2008; 2014; 2018) e na Universidade de Oxford (2013). Autor de obras de ficção curtas publicadas em revistas e coletâneas de conto.

Clara Savelli, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com bolsa da CAPES. Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

Referências

AHMED, Beenish. Until now, a non-fiction writer hadn’t won the Nobel Prize in literature for half a century. Think Progress, 8 de outubro de 2015. Disponível em: https://thinkprogress.org/until-now-a-non-fiction-writer-hadnt-won-the-nobel-prize-in-literature-for-half-a-century-a954f021a756. Acesso em: 26 abr. 2018.

ALEXIEVICH, Svetlana. On the battle lost. Nobelprize.org., 7 de dezembro de 2015.

Disponível em: https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/2015/alexievich-lecture_en.html. Acesso em: 26 abr. 2016.

ALEXIEVICH, Svetlana. Vozes de Tchernóbil: a história oral de um desastre nuclear. Tradução de Sônia Branco. São Paulo: Companhia das Letras, [1997] 2016.

ARAUJO, Marcelo de. Intertextualidade, metaficção e autoficção: Fronteiras da narrativa de ficção na literatura do início do século XXI. Viso: Cadernos de Estética Aplicada, v. 18, p. 141-161, 2016.

ARAUJO, Marcelo de. A Poética de Aristóteles e as humanidades digitais: da análise dos clássicos à criação de algoritmos. Viso: Cadernos de Estética Aplicada, v. 22, p. 110-131, 2018.

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Paulo Pinheiro. São Paulo: Editora 34, 2015.

BOYNTON, Robert. The new new journalism: conversations with America’s best nonfiction writers on their craft. Nova Iorque: Vintage Books, 2005.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Decreto-lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 26 abr. 2018.

BRASIL. Tribunal Regional Federal (5ª Região). Embargos infringentes na apelação cível nº 357551/03 (2003.84.00.009231-1/03). Embargante: Ranbaxy Farmacêutica Ltda. Embargados: Artur Diego Pinheiro de Oliveira e ANVISA (Agência Nacional De Vigilância Sanitária). Relator: Desembargador Federal Cesar Carvalho. Rio Grande do Norte, 25 de janeiro de 2012. Disponível em: http://www.trf5.gov.br/archive/2012/02/200384000092311-03_20120206_3716725.pdf. Acesso em: 20 abr. 2018.

CAPOTE, Truman. Cold Blood. New York: Vintage International, 1966.

CAPOTE, Truman. A sangue frio. Tradução de Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CHENEY, Theodore. Writing creative nonfiction: Fiction techniques for crafting great nonfiction. Toronto: Ten Speed Press, 2001.

DWORKIN, Ronald. How law is like literature. In: DWORKIN, Ronald. A matter of principle. Cambridge (Masst.): Harvard University Press, 1985. p.146-166.

ESCOZA, Cássia. Direito e literatura: reflexões interdisciplinares a partir da obra “The Children Act”, de Ian McEwan. Anamorphosis: Revista Internacional de Direito e Literatura, v. 2, n. 2, p. 433-457, 2016. doi: http://dx.doi.org/10.21119/anamps.22.433-457.

FREITAS, Hyndara. Indenização por abandono afetivo não diminui traumas, mas dá sensação de ‘justiça’. In: Estadão, 25 de março de 2017. Disponível em: http://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,indenizacao-por-abandono-afetivo-nao-diminui-traumas-mas-da-sensacao-de-justica,70001712965. Acesso em: 26 abr. 2018.

GOUREVITCH, Philip. Nonfiction wins a Nobel. The New Yorker, 8 de outubro de 2015. Disponível em: https://www.newyorker.com/culture/cultural-comment/nonfiction-wins-a-nobel. Acesso em: 26 abr. 2018.

HATOUM, Milton. Relato de um certo oriente. São Paulo: Schwarcz, 2014.

HILTUNEN, A. Aristotle in Hollywood: The anatomy of successful storytelling. Bristol: Intellect, 2001.

KOMIE, Lowell. The legal fiction of Lowell B. Komie. Chicago: Swordfish, 2005.

LUNARDI, Adriana. A vendedora de fósforos. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

MCEWAN, Ian. A balada de Adam Henry. Tradução de Jorio Dauster. São Paulo: Companhia das Letras, 2014a.

MCEWAN, Ian. The law versus religious belief. The Guardian, 5 de setembro de 2014b. Disponível em: https://www.theguardian.com/books/2014/sep/05/ian-mcewan-law-versus-religious-belief. Acesso em: 26 abr. 2018.

MCEWAN, Ian. A lei segundo Ian McEwan. Folha de São Paulo. Tradução de Jorio Dauster, 12 de outubro de 2014c. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/10/1530499-a-lei-segundo-ian-mcewan.shtml. Acesso em: 26 abr. 2018.

MCEWAN, Ian. The Children Act. New York: Penguim Random House, 2014d.

MCEWAN, Ian. Kindeswohl. Tradução de Werner Schmitz. Zurique: Diogenes Verlag, 2016a.

MCEWAN, Ian. La ballata di Adam Henry. Tradução de Susanna Basso. Turim: Einaudi, 2016b.

MCEWAN, Ian. L’intérêt de l’enfant. Tradução de France Camus-Pichon. Paris: Gallimard, 2017a.

MCEWAN, Ian. Закон о детях. Tradução de Victor Petrovitch Golschev. Moscou: Eksmo, 2017b.

MCEWAN, Ian. La ley del menor. Tradução de Jaime Zulaika. Barcelona: Anagrama, 2018.

MORAWETZ, Thomas. Law and literature. In: PATTERSON, Dennis. A companion to philosophy of law and legal theory. Oxford: Blackwell, 2010. p. 446-456.

NUSSBAUM, Martha. Poetic justice: the literary imagination and public life. Boston: Beacon Press, 1995.

POSNER, Richard. Law and literature. Cambridge: Harvard University Press, 2009.

OST, François. Contar a lei: as fontes do imaginário jurídico. São Leopoldo: Unisinos, 2006.

REINO UNIDO, Children Act, 16 de novembro de 1989. Disponível em https://www.legislation.gov.uk/ukpga/1989/41/contents. Acesso em: 26 abr. 2018.

ROBINSON, Marlyn. Collins to Grisham: A brief history of the legal thriller. Legal Studies Forum, v. 21, 18p., 1998. Disponível em: https://tarltonapps.law.utexas.edu/exhibits/lpop/documents/history_legal_thriller.pdf . Acesso em: 5 maio 2018.

ROSENBERG, Anat. The history of genres: Reaching for reality in law and literature. Law & Social Inquiry, v. 39, n. 4, p. 1057-1079, 2014.

SAUERBERG, Lars. The legal thriller from Gardner to Grisham: See you in Court!. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2016.

SHECAIRA, Fábio; STRUCHINER, Noel. Teoria da argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.

TIERNO, M. Aristotle’s Poetics for screenwriters: Storytelling secrets from the greatest mind in Western civilization. New York: Hyperion Books, 2002.

TRINDADE, André Karam; BERNSTS, Luísa Giuliani. O estudo do “direito e literatura” no Brasil: surgimento, evolução e expansão. Anamorphosis: Revista Internacional de Direito e Literatura,v. 3, n. 1, p. 225-257, 2017. doi: http://dx.doi.org/10.21119/anamps.31.225-257.

WALLACE, David Foster. The Pale King. Nova York: Little, Brown & Co, 2011.

WALLACE, David Foster. O rei pálido. Tradução de Maria D. G. da Costa e Vasco T. de Menezes. Lisboa: Quetzal, 2014.

WALSH, Jill Paton. The Poetics of Aristotle as a practical guide. The Lion and the Unicorn, v. 29, n. 2, p. 211-221, 2014.

WEINGARTEN, Marc. The gang that wouldn’t write straight: Wolfe, Thompson, Didion, Capot & the new journalism revolution. New York: Three Rivers Press, 2005.

WHITE, Terry. Justice denoted: The legal thriller in American, British, and continental courtroom literature. Connecticut: Greenwood Publishing Group, 2003.

Downloads

Publicado

2019-06-11

Como Citar

ARAUJO, M. de; SAVELLI, C. Aviso legal – essa é uma obra de ficção: a relação entre direito e literatura nos romances "A balada de Adam Henry", de Ian McEwan, e "O rei pálido", de David Foster Wallace. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 215–234, 2019. DOI: 10.21119/anamps.51.215-234. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/433. Acesso em: 3 abr. 2025.

Edição

v. 5 n. 1 (2019): janeiro-junho

Seção

Artigos

Licença

Concedo à ANAMORPHOSIS – Revista Internacional de Direito e Literatura o direito de primeira publicação da versão revisada do meu artigo, licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista - https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

Afirmo ainda que meu artigo não está sendo submetido a outra publicação e não foi publicado na íntegra em outro periódico e assumo total responsabilidade por sua originalidade, podendo incidir sobre mim eventuais encargos decorrentes de reivindicação, por parte de terceiros, em relação à sua autoria.

Também aceito submeter o trabalho às normas de publicação da ANAMORPHOSIS – Revista Internacional de Direito e Literatura acima explicitadas.