A JUSTIÇA DE PLATÃO E A REDENÇÃO EM A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

Resumo

O presente ensaio analisa a justaposição entre a concepção de justiça de Platão e a redenção do protagonista na representação do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa. Com intuito, a partir de uma análise qualitativa bibliográfica, de método indutivo, são abordadas concepções platônicas de justiça e suas semelhanças com a redenção cristã, ora retratada na obra. A jornada de remissão de Matraga e a tripartição da alma platônica são justapostas e comparadas, no âmbito individual e coletivo, o que possibilita uma breve análise da influência de tais concepções na dicotomia entre Direito e Justiça. Neste sentido, a incorporação de valores na formulação e interpretação do Direito podem gerar normas injustas por natureza, fato que chama a atenção do leitor em duas cenas próximas à morte de Matraga. Sendo assim, o senso de justiça do leitor é aguçado, e no conto é guiado pela remissão cristã. Cabe à análise do conto, à luz da Filosofia do Direito, se ainda na modernidade podem ser equiparados os valores cristãos e a concepção platônica, da maneira representada por Matraga, e de qual maneira isso influencia o senso de Direito e Justiça do leitor.