DIREITO, NÃO CONFORMISMO E FRAGMENTAÇÃO NO ROMANCE HESSEANO
Palavras-chave:
Direito, poder, Hesse, inconformismo, niilismoResumo
Identifica a presença do Direito no romance O Lobo da Estepe. Esclarece como o niilismo defendido, de modo exacerbado, por sua personagem central permite empreender uma crítica às instituições jurídicas como modo de preservação das estruturas de poder numa sociedade burguesa e capitalista. A partir da utilização do conceito de dialogismo, apurado por Bakhtin, em suas obras, os autores se propõem a lançar luzes sobre a complexidade dos romances hesseanos e a sua contribuição para a identificação do pano de fundo fragmentado do mundo real, permanentemente afetado pelas tensões, contradições e disputas político-ideológicas, de tal sorte que o diálogo ideológico-social exterior permanece, de forma indissolúvel, ligado ao diálogo interior, micro diálogo, e que todos se encontram enredados na multiplicidade de vozes que atravessa o romance apontando para o inacabamento do diálogo. A leitura jurídico-política da obra O Lobo da Estepe promovida pelos autores do presente ensaio encontrou, na tessitura do texto, uma abundância de questões metafísicas que sinalizam para a precariedade da existência humana.
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: O poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2002.
AGAMBEN, Giorgio. Nudez. Tradução Davi Pessoa Carneiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2015
AGAMBEN, Giorgio. L’aperto. L’uomo e l’animale, Turim: Bollati Boringhieri, 2002. AGAMBEN, Giorgio. Profanazioni, Roma: Nottetempo, 2005.
AIRA, César. Diccionario inconcluso del narrador latino-americano actual. Boletín de reseñas bibliográficas, ns. 9-10, Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires, 2006.
AMORIM, Silvana Vieira da Silva. Guillaume Apollinaire: Fábula e Lírica, São Paulo: UNESP, 2003.
ANDRADE, Oswald. A Utopia Antropofágica (Obras Completas de Oswald de Andrade), 3ª. ed., São Paulo: Globo, 1990.
BACHELARD, Gaston. La Poética de la Ensoñación, trad.: Ida Vitale, México: Fondo de Cultura Económica, 1997.
BAKHTIN, M. M. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São Paulo: Unesp, 1993.
BAKHTIN, M. M. [V. N. Volochínov]. Marxismo e filosofia da linguagem. 14. ed. Tradução de Michel Lahud; Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. Notas a edição russa de Serguei Botcharov. 1.ed. – São Paulo: Editora 34, 2016, 176p.
BRITTON, Ronald. Crença e Imaginação, trad.: Liana Pinto Chaves, Rio de Janeiro: Imago, 2003.
BRZOZOWSKI, Julian. Anacronismo e Irrupción, vol. 11, n. 20, 2021, p. 298-316.
COCCIA, Emanuele. A Vida das Plantas — Uma Metafísica da Mistura. Trad. Fernando Scheibe, Desterro (Florianópolis): Cultura e Barbárie, 2018.
CUNHA, Maria Helena Lisboa da. Espaço real, espaço imaginário, 2ª. ed., Rio de Janeiro: Uapê, 1998.
DERRIDA, J. Acts of literature, edited by Derek Attridge. New York, London: Routledge, 1992.
DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou (A seguir). Trad. Fábio Landa, São Paulo: Editora UNESP, 2002.
DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade. Trad. Leyla PerroneMoisés. SP:WMF Martins Fontes, 2007.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DERRIDA, Jacques. A Besta e o Soberano. Trad.: Marco Antônio Casanova, Rio de Janeiro: Via Veritas, 2020.
DURAND, G. Las Estruturas Antropológicas del Imaginário, México (D.F.): Fondo de Cultura Económica, 2004.
ELIADE, Mircea. Forgerons et alchimistes, Paris: Flammarion, 1956.
ENNE, Ana Lucia S. O “defensor do indivíduo”: Hermann Hesse e o processo de massificação nas primeiras décadas do século XX. In: Revista de comunicação, cultura e política, v.5 n.10, jan./jun.2005. Disponível em: http://revistaalceu-acervo.com.pucrio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=180&sid=22. Acesso em: 20 ago 2021.
FARIAS BRITO, Raymundo de. Ensaio sobre os dados gerais da filosofia do espírito, in: Mundo interior. Uma antologia, Gina Magnavita Galeffi (org.), Brasília: GRD-INL/MEC, 1979.
FERREIRA DA SILVA, Vicente. Filosofia da Mitologia e da Religião, in: Obras Completas, vol. I, São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, 1964.
FORSTER, G. da S. O Lobo da Estepe: uma escritura selvagem. In: Revista Criação & Crítica, (9), 111-127. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v5i9, 2015, p111-127
FREUD, Sigmund. Gesammelte Werke, vol. XII (1917 – 1920), Fischer: Frankfurt am Main, 1999.
FREUD, Sigmund. Die Zukunft einer Illusion [1927], in: Gesammelte Werke, vol. XIV, Fischer: Frankfurt am Main, 1999.
GIACOIA JR., Oswaldo. Nietzsche X Kant. Uma disputa permanente a respeito de liberdade, autonomia e dever, São Paulo: Casa da Palavra, 2012.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere, 6 vols. Edição de Carlos Nelson Coutinho, com a colaboração de Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1999-2002.
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria da Ciência Jurídica, 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
HESSE, Hermann. O lobo da estepe. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Record. 2007.
MASPERO, Henri. Le Taoïsme et les Religions chinoise, Paris: Gallimard, 1981.
MASSUMI, Brian. O que os animais nos ensinam sobre política. Trad.: Francisco Trento/Fernanda Mello, São Paulo: n – 1, 2017.
PRÓSPERI, Germán Osvaldo. La máquina óptica: Antropología del fantasma y (extra)ontología de la imaginación. Buenos Aires: Mino Dávila Editora, 2019.
REIS, Marina dos; CORAZZA, Sandra Mara. O Pensamento da Filosofia da Diferença que sonha signos do Arquivo da Educação, in Educação (UFSM), v. 46, 2021.
SARTRE, J.-P. L’Imaginaire, Paris: Gallimard, 1940.
SMITH, Barry; SEIFERT, Joseph. The truth about fiction, in: Kunst und Ontologie. Für Roman Ingarden zum 100. Geburtstag, W. Galewicz et al. (Hrsg.), Amsterdam/Atlanta: Rodopi, 1994.
TÜRCKE, Christoph. Pronto-Socorro para Adorno: Fragmentos Introdutórios à Dialética Negativa, in: Antônio Zuin et al. (eds.), Ensaios Frankfurtianos, São Paulo, Cortez, 2004.
UEXKÜLL, Jacob von. Umwelt und Innenwelt der Tiere (1909). Florian Mildenberger e Bernd Herrmann (Hrsg.), Berlim/Heidelberg: Springer, 2014.
WARAT, Luis Alberto. A pureza do poder: uma análise crítica da teoria jurídica. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1983.
WARAT, Luis Alberto. Manifesto do surrealismo jurídico. São Paulo: Acadêmica, 1988.
WARAT, Luis Alberto. Territórios desconhecidos: a procura surrealista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstrução da subjetividade. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004.
WINNICOTT, D. W. O Brincar e a Realidade, trad.: José Octávio de Aguiar Abreu et al., Rio de Janeiro: Imago, 1975.