A memória afetiva e a infância digna na literatura de Clarice Lispector

Autores

  • Míriam Coutinho de Faria Alves Universidade Federal de Sergipe (UFS)

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.21.169-181

Palavras-chave:

memória afetiva, Clarice Lispector, direito à infância digna.

Resumo

Este artigo tem por objetivo refletir a partir da perspectiva jusliterária, sobre a construção da memória afetiva enquanto categoria do imaginário dos direitos da criança. Nesse sentido, examina as interligações entre as memórias da infância e a personalidade adulta da personagem Virgínia na obra O lustre de Clarice Lispector para assim tematizar a função da memória afetiva e o direito à infância digna. Diante disso, analisa-se a função das recordações afetivas no processo de formação da identidade o que contribui para investigar como se estruturam as impressões que conformam a construção jurídica dos direitos da criança. Apresenta-se, portanto, o afeto como fundamento à vida digna de modo que a reflexão jusliterária contribui para repensar o imaginário sociojurídico da infância.

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Biografia do Autor

Míriam Coutinho de Faria Alves, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Doutora em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora Adjunta do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Membro do Conselho seccional da OAB/Se. Presidente da Comissão de Direito, arte e literatura do IBDFAM/Se. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/0824235400578640

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Publicado

2016-08-24

Como Citar

ALVES, M. C. de F. A memória afetiva e a infância digna na literatura de Clarice Lispector. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 169–181, 2016. DOI: 10.21119/anamps.21.169-181. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/224. Acesso em: 17 fev. 2025.

Edição

Seção

Artigos