A "Jurisprudenz" de Gustav Klimt: direito, esfera pública e violência soberana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.51.37-68

Palavras-chave:

Gustav Klimt, “Jurisprudenz”, direito, poder soberano, esfera pública.

Resumo

Esta pesquisa realiza uma leitura jurídica da pintura Jurisprudenz, de Gustav Klimt, de modo a estabelecer uma relação entre direito, violência soberana e esfera pública. Para tanto, utilizam-se três chaves de leitura, as quais revelam três dimensões de sentido da obra de Klimt, profundamente conectadas entre si: o resgate renascentista da Antiguidade pagã, a psicanálise de Freud e a relação ambivalente entre direito e violência soberana. Klimt articula essas três dimensões através de a) elementos da mitologia grega; b) em um ambiente de sonho freudiano; c) colocando o observador no papel político de um dos seus personagens principais. Como metodologia, a pesquisa identifica os referenciais de Klimt na época e dialoga com as análises, interpretações e reflexões de Schorske, Minkkinen, Rodriguez e Manderson, dentre outros autores que se dedicaram a estudar a Jurisprudenz de Klimt. Como resultado, observa-se que Jurisprudenz apresenta uma narrativa visual riquíssima para o direito e para a filosofia política, que nos permite entender a ruptura do ser cogito pelo ser desejo (Freud), a exceção/violência soberana do direito (Schmitt, Benjamin, Agamben) e a construção criativa do direito pela participação democrática em novas formas de esfera pública (Habermas).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Lazzarotto Simioni, PPGD/FDSM e PPGB/Univás

Pós-Doutor em Teoria e Filosofia do Direito pela Universidade de Coimbra; Doutor em Direito Público pela Unisinos; Professor do PPGD/FDSM e do PPGB/Univás. Pesquisador-Líder do Grupo de Pesquisa Margens do Direito (PPGD/FDSM).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: il potere sovrano e la nuda vita. Torino: Einaudi, 1995.

AGAMBEN, Giorgio. L’uso dei corpi: homo sacer, IV, 2. Vicenza: Neri Pozza Editore, 2014.

DIDI-HUBERMANN, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013a.

DIDI-HUBERMANN, Georges. Atlas ou a gaia ciência inquieta: o olho da história; 3. Tradução de Renata Correia Botelho e Rui Pires Cabral. Lisboa: KKYM; EAUM, 2013b.

ÉSQUILO. A trilogia de Orestes. Tradução de David Jardim Júnior. São Paulo: Ediouro, 1988.

FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité I: la volonté de savoir. Paris: Gallimard, 1976.

FOUCAULT, Michel. Il faut défendre la société: cours au Collège de France (1975-1976). Paris: Gallimard; Seuil, 2012.

FOUCAULT, Michel. Surveiller et punir: naissance de la prision. Paris: Gallimard, 1975.

FREUD, Sigmund. La interpretación de los sueños (primera parte). Obras completas. Vol. 4. Tradução de José L. Etcheverry. Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1991. p. 17-346

HABERMAS, Jürgen. The Structural Transformation of the Public Sphere: an Inquiry into a Category of Bourgeois Society. Tradução de Thomas Burger. Cambridge: MIT Press, 1991.

HUYGEBAERT Stefan; VANDENBOGAERDE Sebastiaan. Êtes-vous Justice, Minerve ou Thémis? Een tijdschriftlogo als numen mixtum en symptoom van de versmelting van kunst en recht in het Belgische fin de siècle. PRO MEMORIE, Verloren, v. 16, n. 2, p. 244–258, 2014.

KARAM, Henriete. A Oresteia e a origem do tribunal do júri. Revista Jurídica, Curitiba, v. 4, n. 45, p. 77-94, 2016. Disponível em: http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/view/1764/1156. Acesso em: 17 out. 2018.

KLIMT, Gustav. Pallas Athene. Óleo sobre tela. Viena: Historisches Museum der Stadt Wien, 1898a.

KLIMT, Gustav. Rascunho de Jurisprudenz. Viena: Archiv Leopold Museum, 1898b.

KLIMT, Gustav. Nuda Veritas. Óleo sobre tela. Viena: Österreichisches Theatermuseum, 1899.

KLIMT, Gustav. Esboço de desenho para Jurisprudenz. New York: Ronald S. Lauder e Serge Sabarsky Collections, 1903.

KLIMT, Gustav. Jurisprudenz. Óleo sobre tela. Viena: Archiv Leopold Museum, 1907.

LUHMANN, Niklas. El arte de la sociedad. Tradução de Javier Torres Nafarrate. México: Herder Editorial; Universidad Iberoamericana, 2005.

MATSCH, Franz. Der Sieg des Lichtes über des Dunkeln. Óleo sobre tela. Viena, 1897.

MANDERSON, Desmond. Klimt’s Jurisprudence – Sovereign Violence and the Rule of Law. Oxford Journal of Legal Studies, v. 35, n. 3, p. 515-542, 2015.

MINKKINEN, Panu. Thinking Without Desire: A First Philosophy of Law. Oxford and Portland: Hart Publishing, 1999.

NÉRET, Gilles. Gustav Klimt: 1862-1918. Köln: Taschen, 2005.

OLIVER, Isaac. Rainbow Portrait of Queen Elizabeth I. Óleo sobre tela. Hatfield, Hertfordshire: Marquess of Salisbury Collection, 1602.

PROUDHON, Pierre-Joseph. General idea of revolution in the Nineteenth Century. Tradução de John Beverly Robinson. Mineola: Dover Publications, 2003.

PYTHON. Orestes at Delphi. Pintura em vaso de cerâmica. Londres: British Museum, 330 a.C.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Direito, figura do ódio. Revista Brasileira de Estudos Políticos, n. 105, p. 435-451, jul./dez. 2012.

ROCHA, Leonel Severo (org.). Paradoxos da auto-observação: recursos da teoria jurídica contemporânea. Curitiba: JM, 1997.

SCHMITT, Carl. Political Theology: four chapters on the concept of sovereignty. Tradução de George Schwab. Cambridge and London: MIT Press, 1985.

SCHORSKE, Carl E. Vienna fin de siècle: politica e cultura. Milano: Bompiani, 1981.

SCHORSKE, Carl E. Thinking with History: Explorations in the Passage to Modernism. Princeton: Princeton University Press, 1998.

SIMIONI, Rafael Lazzarotto. Curso de hermenêutica jurídica contemporânea: do positivismo clássico ao pós-positivismo jurídico. Curitiba: Juruá, 2014.

SIMIONI, Rafael Lazzarotto. A fotografia contemporânea em uma perspectiva descolonizadora. Err01: Revista de Fotografia, v. 1, jan./jul. 2018. Disponível em: http://www.err01.com.br/index.php/2018/03/15/editorial-a-fotografia-contemporanea-em-uma-perspectiva-descolonizadora. Acesso em: 17 out. 2018.

WARBURG, Aby. A renovação da Antiguidade pagã: contribuições científico-culturais para a história do Renascimento europeu. Tradução de Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

ZAJADLO, Jerzy. A graphic image of the legal system: law, aesthetics, the aesthetics of law? Polish Law Review, v. 2, n. 1, p. 39-57, 2016.

Publicado

2019-06-11

Como Citar

SIMIONI, R. L. A "Jurisprudenz" de Gustav Klimt: direito, esfera pública e violência soberana. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 37–68, 2019. DOI: 10.21119/anamps.51.37-68. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/480. Acesso em: 28 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos