“O palácio de cristal” e a razão ressentida: Dostoiévski e a crítica do mimo

Autores

  • David Leal da Silva Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
  • Yuri Felix Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Palavras-chave:

Dostoiévski, Estado de bem-estar, “Palácio de cristal”, risco, violência.

Resumo

Apresentar-se-á, no presente escrito, o Palácio de Cristal de Londres, do séc. XIX. Trata-se de uma estrutura suntuosa, que Dostoievski avaliara com bastante acuidade em suas andanças pela Europa Ocidental. Pretende-se estabelecer os parâmetros fundamentais com a atualidade, bem como compreender as implicações em termos de violência e controle do risco. Seguindo o literato, o Cristal Palacy representa a metáfora das sociedades ocidentais. Uma grande construção de vidro produtora de um humano específico, os chamados homens de estufa, mimados pelo luxo. Num ambiente climatizado, os sujeitos mimados procuram proteção contra os riscos de fora, os inimigos contra os quais eles agem preventivamente. Eis aqui verdadeiro prenúncio das sociedades do consumo cuja promessa não é outra senão a de vida em segurança e aquisição do mimo garantido pelo Estado de bem-estar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

David Leal da Silva, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Mestrando em Ciências Criminais na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bolsista Capes. Advogado.

Yuri Felix, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Mestrando em Ciências Criminais na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bolsista Capes. Advogado.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Nudità. Roma: Nottetempo, 2010.

BAUDRILLARD, Jean. Da sedução, 2. Campinas: Papirus, 1992.

BAUDRILLARD, Jean. O paroxista indiferente. Trad. de Ana Sachetti. Rio de Janeiro: Pazulin, 1999.

DELEUZE, Guilles. Conversações. Trad. de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: 34, 1992.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Memórias do subsolo. Trad. de Boris Schnaiderman. São Paulo: Ed. 34, 2000.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O crocodilo e Notas de inverno sobre impressões de verão. Trad. de Boris Schnaiderman. São Paulo: Ed. 34, 2000.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamázov. Trad. de Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34, 2008.

GIORGI, Alessandro de. A miséria governada através do sistema penal. Rio de Janeiro: Revan, 2006.

GIRARD, René. Dostoiévski: do duplo à unidade. Trad. de Roberto Mallet. São Paulo, 2011.

GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. O subterrâneo da psicanálise: a crueldade, o sem-álibi. In: SOUZA, Ricardo Timm de et al. (Org.). Literatura e psicanálise: encontros contemporâneos. Porto Alegre: Dublinense, 2012. p. 436-50.

GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto: uma tragédia. Trad. de Jenny Klabin Segall. São Paulo: Ed. 34, 2004.

KIERKEGAARD, Sören. Diário de um sedutor. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2004.

LEAL, David; FELIX, Yuri. Match Point: sorte na vida ou vencer a qualquer preço?. Revista Liberdades, v. 17, p. 156-162, 2014.

LEGENDRE, Pierre. O amor do censor: ensaio sobre a ordem dogmática. Tradução e revisão de Aluísio Pereira de Menezes. Rio de Janeiro: Aoutra, 1983.

MARLOWE, Cristhorpher. A história trágica do doutor Fausto. Trad. de A. de Oliveira Cabral. São Paulo: Hedra, 2006.

MELMAN, Charles. O homem sem gravidade. Trad. de Sandra Regina Felgueiras. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2008.

O’MALLEY, Pat. Riesgo, neoliberalismo y justicia penal. Buenos Aires: Ad-Hoc, 2006.

ORWELL, George. 1984. Trad. de Alexandre Hubner, Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SIMON, Jonathan. Gorverning Through Crime: how the war on crime transformed Democracy and created a culture of fear. New York: Oxford: university press, 2007.

SLOTERDIJK, Peter. Esferas III: espumas. Esferologia plural. Trad. de Isidoro Reguera. Madrid: Siruela, 2004.

SLOTERDIJK, Peter. Palácio de cristal: para uma teoria filosófica da Globalização. Trad. de Manuel Resende. Lisboa: Relógio D’Água, 2005.

SOUZA, Maria Alice Timm de. Dostoiévski: uma desconcertante congruência. In: SOUZA, Ricardo Timm de et al. (Org.). Literatura e psicanálise: encontros contemporâneos. Porto Alegre: Dublinense, 2012. p. 348-81.

VALÉRY, Paul. Meu Fausto. Trad. de Lídia Fachin e Sílvia Maria Azevedo. Cotia: Ateliê Editorial, 2010.

Downloads

Publicado

2016-06-29

Edição

Seção

GT 1