Diálogo das fontes: uma análise jurídica do poliamorismo e do adultério a partir de contos da obra “A vida como ela é...”, de Nelson Rodrigues

Authors

  • Maria do Socorre Rodrigues Coêlho Faculdade Santo Agostinho (FSA)
  • Rosália Maria Carvalho Mourão Faculdade Santo Agostinho

Keywords:

adultério, direito de família, direito e literatura, poliamorismo.

Abstract

É notório o fato de que a Literatura provoca grandes revoluções no pensamento dos seus leitores, dentre os quais estão os operadores do Direito, levando-os a desenvolver uma sensibilidade sobre as demandas sociais e acerca da necessidade de o Direito e de modo mais específico, o Direito de Família, avançar no sentido de abarcar tais demandas, alargando as garantias legais delas advindas. Reconhecida esta interface entre o Direito e a Literatura, pergunta-se: De que forma os contos produzidos na obra A vida como ela é..., de Nelson Rodrigues, relacionam-se com o Direito de Família? Na busca de respostas para o problema apresentado, tem-se como objetivo geral analisar contos pertencentes à obra mencionada, à luz dos pressupostos doutrinários, legais, e jurisprudenciais relacionados ao Direito de Família. Para que se possa atingir este desiderato estabelece-se a relação entre Direito e Literatura, demonstrando a reciprocidade de influências entre estas duas áreas do conhecimento; definem-se institutos fundamentais do Direito de Família à luz do Código Civil de 2002 e da Constituição Federal de 1988; relacionam-se contos produzidos em A vida como ela é...com institutos do Direito de Família: poliamorismo e adultério. No tocante à metodologia de trabalho, tem-se a pesquisa bibliográfica, de caráter interdisciplinar, fomentado o diálogo das fontes (direito e literatura) a serviço de uma melhor abordagem acerca do Direito de Família. Fundamenta-se este artigo na Constituição Federal de 1988, no Código Civil de 1916 em confronto com o de 2002, Manuais de Direito de Família de autores consagrados como Carlos Roberto Gonçalves, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Maria Berenice Dias, dentre outros, associados à análise jurídica de contos da obra A vida como ela é..... Para a discussão da interface entre Direito e Literatura, utiliza-se Messaggia, Parodia e Proppa, Trindade e Gubert e outros. Da análise empreendida, conclui-se que na intersecção entre o Direito e a Literatura reside a interpretação do próprio fenômeno jurídico, restando possível verificar as mudanças ideológicas que afetam o Direito. Assim, na busca do conceito de entidade familiar, e da proteção dessa família, é fundamental ter uma visão pluralista, que reconheça os mais diversos arranjos vivenciais e a necessária tutela desses arranjos pelo Estado, a partir da observância de um princípio basilar do Direito de Família: o da afetividade.

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Author Biographies

Maria do Socorre Rodrigues Coêlho, Faculdade Santo Agostinho (FSA)

Mestre em Estudos Literários, pela Universidade Federal do Piauí-UFPI, especialista em Literatura Brasileira, graduada em Letras pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI, professora de Português Instrumental da Faculdade Santo Agostinho - FSA e do Instituto Camilo Filho-ICF. Graduanda do 10º período do curso de Direito na FSA.

Rosália Maria Carvalho Mourão, Faculdade Santo Agostinho

Mestre em Estudos Literários pela UFPI, Especialista em Literatura Brasileira pela UESPI, graduada em Letras pela UFPI, graduada em Direito pelo Instituto Camillo Filho, Pós-Graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo LFG. Professora das disciplinas de Direito e Literatura, Português Instrumental Direito de Família, Estatuto da Criança e do Adolescente da Faculdade Santo Agostinho.

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Published

2016-06-29

Issue

Section

GT 1