A TRANSCENDÊNCIA DO SILÊNCIO: A RELAÇÃO ENTRE GHOST NOTES E A CONSTITUIÇÃO DIGITAL SIMBÓLICA

Authors

  • Gabriel Guedes Toscano Universidade Federal da Paraíba

Keywords:

Silêncio, Marco Civil da Internet, Ghost Notes, Discurso Musical, Constitucionalização Simbólica.

Abstract

O presente trabalho busca empreender uma análise acerca da polissemia do silêncio como estrutura essencial e significante para a correta compreensão da complexidade dos discursos, tanto na música quanto no Direito. No âmbito musical, é realizado um estudo acerca da função do silêncio nas ghost notes, notas rítmicas que não têm um correspondente sonoro, e que são executadas de maneira tão sutil pelos intérpretes que se tornam imperceptíveis para o público em geral, falseando, assim, a análise dos ouvintes. Com relação ao Direito, o silêncio é analisado a partir da teoria da constitucionalização simbólica de Marcelo Neves. Nesta, o silêncio se mostra como protagonista no desenvolvimento do fenômeno simbólico, que se revela quando há uma falta de normatividade constitucional em contraste com uma hipertrofia de sua função simbólica. Por fim, realiza-se uma comparação entre a constitucionalização simbólica e as ghost notes com a Lei Federal nº 12.965/2014, mais conhecida como Marco Civil da Internet, observando a intencionalidade ou não da vagueza e dos silêncios do texto normativo, que muitas vezes ensejam o falso sentimento de ineficácia da lei.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Gabriel Guedes Toscano, Universidade Federal da Paraíba

Graduando do curso de Direito da Universidade Federal da Paraíba. Estagiário do Setor Jurídico do Banco do Nordeste do Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Laboratório Internacional de Investigação em Transjuridicidade - LABIRINT. Presidente Operacional da Candeeiro - Empresa Júnior de Direito. Chefe de Operações da Compliance Academy. Membro do Comitê de Jovens Arbitralistas do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem. Membro do Grupo de Estudos em Arbitragem, Mediação e Comércio Exterior - GEACE.

References

AYRES, Ian; BRAITHWAITE, John. Responsive Regulation: Transcending the Deregulation Debate. New York: Oxford University Press, 1992. 216 p.

BAGNALL, Gary. Law as art. New York: Routledge, 2016. 240 p.

BARLOW, John P. Declaração de Independência do Ciberespaço. Davos: Eletronic Frontier Foundation, 1996. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/ciber/textos/barlow.htm>. Acesso em: 19 jan. 2021.

BEEMAN, William O. Silence in Music. In: ACHINO-LOEB, Maria Luisa (ed.). Silence: The currency of power. New York: Berghahn Books, 2006. p. 23–34.

CAMPOS, Hélio Sílvio Ourém. O Poder da Lei Versus a Lei do Poder: A Relativização da Lei Tributária. Brasília: Centro de Estudos Judiciários, 2011. 510 p.

CASA NO CAMPO. Intérprete: Tavito. Compositores: Luis Otávio de Melo Carvalho; José Rodrigues Trindade. In: Tavito. Intérprete: Tavito. Rio de Janeiro: Discos CBS, 1979. 1 CD, faixa 10 (1 min 52 s).

DENICOLI, Sergio. A Regulação da Internet: Políticas da Era da Comunicação Digital. Relatório Final (Pós-Doutorado em Mídia e Cotidiano) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. 131 f.

DESANTIS, Dennis. Making Music: 74 Creative Strategies for Electronic Music Producers. Berlin: Ableton, 2015, 324 p.

DIXON, Rosalind; GINSBURG, Tom. Deciding not to Decide: Deferral in Constitutional Design. International Journal of Constitutional Law, Oxford, Vol. 9, Iss. 3-4, p. 636-672, out. 2011.

ELKINS, Zachary; GINSBURG, Tom; MELTON, James. The Endurance of National Constitutions. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. 272 p.

FADEL, Mohammad H. The sounds of silence: The Supreme Constitutional Court of Egypt, constitutional crisis, and constitutional silence. International Journal of Constitutional Law, Oxford, Vol. 16, n. 3, p. 936-951, jul. 2018.

FOLEY, Michael. The Silence of Constitutions: Gaps, ‘Abeyances’ and Political Temperament in the Maintenance of Government. New York: Routledge, 1989. 173 p.

FRANCA FILHO, Marcílio Toscano. Mu§ical-Juri♪ical Suite: Some Hermeneutical Considerations for Violin, Cello, Piano and Constitution. In: RESTA, Giorgio (ed.). L’Armonia Nel Diritto: Contributi a Una Riflessione Su Diritto e Musica. Roma: Roma TrE-PRESS, 2020. p. 327 – 339.

______. Psiu! O Silêncio Tem a Palavra: Tagarelices da Música e do Direito. In: Mazzuoli, Valério; Morbach, Gilberto (Orgs.). Arte, Cultura e Civilização: Ensaios para o Nosso Tempo. São Paulo: Letramento, 2021. p. 100–109.

GIL, Arilson Garcia. Silêncio Constitucional: A Inadequação da Teoria do Silêncio Eloquente para Interpretação da Constituição Federal de 1988. Revista Digital Constituição e Garantia de Direitos, Natal, v.13, n.1, jan./jul. 2020. p. 249-274.

GOMES, David Francisco Lopes. Para uma Crítica à Tese da Constitucionalização Simbólica. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, Santa Maria, v. 12, n. 2, p. 442-471, 2017.

HENRIQUE, Luís. L. Acústica Musical. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. 1136 p.

HUXLEY, Aldous. Música na Noite & Outros Ensaios. Tradução de Rodrigo Breunig. Porto Alegre: L&PM, 2014. 256 p.

______. Admirável Mundo Novo. Tradução de Vidal de Oliveira. 22ª ed. São Paulo: Globo, 2014. 306 p.

IMAGUIRE, Guido. Da natureza da pausa. Música em perspectiva, UFPR, v. 2, n. 2, p. 31- 44, out. 2009.

KAGGE, Erling. Silence In the Age of Noise. Tradução de Becky L. Crook. New York: Pantheon Books, 2017. 100 p.

LE BRETON, David. Du Silence: Essai. Paris: Éditions Métailié, 1997, 279 p.

LEMOS, Ronaldo. O Marco Civil como Símbolo do Desejo por Inovação no Brasil. In: LEITE, George Salomão; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet. São Paulo: Atlas, 2014. p. 3-11.

LOUGHLIN, Martin. The Silences of Constitutions. Freiburg Institute of Advanced Studies, Freiburg, p. 1-16, 2017.

MARGULIS, Elizabeth Hellmuth. Moved by Nothing: Listening to Musical Silence. Journal of Music Theory, Duke University Press, Vol. 51, n. 2, p. 245-276, Outono, 2007.

MOREIRA, Felipe Lélis. Lobby Digital e a Regulamentação do Marco Civil da Internet. In: POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot; ANJOS, Lucas Costa dos Anjos; BRANDÃO, Luíza Couto Chaves (Orgs.). Tecnologias e Conectividade: Direito e Políticas na Governança das Redes. Belo Horizonte: Instituto de Referência em Internet e Sociedade, 2018. p. 394-410.

NEVES, Marcelo. A Constitucionalização Simbólica. 3ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. 263 p.

______. Constitucionalização Simbólica e Desconstitucionalização Fática: Mudança Simbólica da Constituição e Permanência das Estruturas Reais de Poder. Revista de Informação Legislativa, Brasília, Vol. 33, n. 132, p. 321-330, out./dez. 1996.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Entenda a infodemia e a desinformação na luta contra a Covid-19. OPAS. [s.l.], 2020. Disponível em:< https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52054/Factsheet-infodemic_por.pdf?sequence=14>. Acesso em: 27 dez. 2020.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As Formas do Silêncio: No movimento dos sentidos. 6ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2007. 181 p.

PINHEIRO, Patrícia Peck. Regulamentação da Web. In: Cadernos Adanauer XV (2014), nº 4. Cibersegurança. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adanauer, jun. 2015. p. 33-44.

POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot. Regulação da Internet em 2020 e Riscos de Desmonte das Liberdades Digitais. Consultor Jurídico. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2020-dez-28/fabricio-polido-regulacao-internet-riscos-liberdades-digitais>. Acesso em: 20 jan. 2021.

QUARTET, OP. 22: I. SEHR MÄßIG. Intérprete: Anton Webern; Pierre Boulez. Compositor: Anton Webern. In: Anton Webern: Complete Works: Op. 1 – Op. 31. Intérprete: Anton Webern; Pierre Boulez. Nova York: Sony Music Entertainment, 1978. Disco 2, faixa 33. (3 min 30 s).

RAMOS, Marco A. da Silva. O Uso Musical do Silêncio. Revista Música, São Paulo, v. 8, n. 1/2, p. 129-168, maio/nov. 1997.

RESTA, Giorgio. Itinerari Per Una Ricerca Su Diritto e Musica. In: RESTA, Giorgio (ed.). L’Armonia Nel Diritto: Contributi a Una Riflessione Su Diritto e Musica. Roma: Roma TrE-PRESS, 2020. p. 13 – 34.

SANTOS, Lucirino Fernandes; DURÃES, Hebert Vieira. A Importância do Diálogo das Fontes Diante da Carência de Efetividade dos Direitos Positivados na Lei nº 12.965/2014. Revista Eletrônica Direito FPB, João Pessoa, vol. 2, n. 1, jan./jul. 2015. p. 1-22.

SEGURADO, Rosemary; LIMA, Carolina Silva Mandú; AMENI, Cauê S. Regulamentação da Internet: Perspectiva Comparada entre Brasil, Chile, Espanha, EUA e França. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, 2014. 21 p.

SHERRILL, Dann. Learn & Master Drums: Lesson Book. Nashville: Legacy Learning Systems, 2008. 112 p.

SONTAG, Susan. The Aesthetics of Silence. In: SONTAG, Susan. Styles of Radical Will. 1ª ed. New York: Picador, 1969. p. 7-38.

SOUZA, Carlos Affonso; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet: Construção e Aplicação. Juiz de Fora: Editar Editora Associada LTDA, 2016. 158 p.

STRECK, Lenio Luiz. Apontamentos Hermenêuticos sobre o Marco Civil Regulatório da Internet. In: LEITE, George Salomão; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet. São Paulo: Atlas, 2014. p. 333-346.

THOMPSON, Marcelo. Marco Civil ou Demarcação de Direitos? Democracia, Razoabilidade e as Fendas na Internet do Brasil. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 261, p. 203-251, set./dez. 2012.

TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. Marco Civil da Internet: Uma Lei sem Conteúdo Normativo. Estudos Avançados, São Paulo, v. 30, n. 86, p. 269-285, 2016.

TRIBE, Laurence H. Soundings and Silences. In: DIXON, Rosalind; STONE, Adrienne (ed.). The Invisible Constitution in Comparative Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 2018. p. 21-60.

______. Toward a Syntax of the Unsaid: Construing the Sounds of Congressional and Constitutional Silence. Indiana Law Journal, Indiana, Vol. 57: Iss. 4, Article 1, p. 515-535, Outono, 1982.

Published

2021-12-08

Issue

Section

GT 4 Direito e Humanidades