“INTERMINÁVEL ESTRADA DE REVESES”: NARRATIVAS DE REFÚGIO NA OBRA “NO EXÍLIO” (1948), DE ELISA LISPECTOR
Palabras clave:
Elisa Lispector, Gênero, Refúgio.Resumen
O presente trabalho propõe análise da obra “No Exílio” (1948), de Elisa Lispector, cotejando-a, de um lado, com o sistema jurídico de proteção à pessoa refugiada, nacional e internacionalmente, e, de outro, com a própria experiência de refúgio das personagens. A trama se desenvolve por meio do relato ficcional sobre o deslocamento forçado vivenciado pela família de Lizza, personagem principal, com ênfase no protagonismo das figuras femininas da narrativa, de modo a investigar as dinâmicas que constituem as relações de gênero no contexto das migrações forçadas e as dificuldades de efetivação dos direitos humanos em favor de mulheres refugiadas. Na obra, Lizza questiona: “Mamãe, como é a américa? É muito grande? É longe daqui? (p.63), ao que sua mãe responde: “A américa é longe, muito longe, para os que vêm pela interminável estrada de reveses” (ibid). Sua família, à semelhança da biografia da autora, precisou fugir da sua terra natal em razão dos violentos ataques liderados pelos pogroms contra o povo judeu no contexto da Revolução Russa (1917). A família de Lizza atravessa vilarejos da Europa e campos para refugiados até chegar ao nordeste brasileiro. A obra recolhe termos e significados do Refúgio e da experiência de mulheres refugiadas.
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