UM ESTRANGEIRO NO PROCESSO: A ALIENAÇÃO DO RÉU NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO

Auteurs

  • Fernanda Leonardi Favalessa
  • Mariana Barros Mendes Faculdade de Direito de Vitória - FDV

Mots-clés :

O estrangeiro, processo penal, alienação do réu, confisco do conflito, justiça restaurativa

Résumé

O presente trabalho busca, a partir da utilização do Direito na Literatura, construir críticas sobre a posição de Mersault, personagem principal da obra O estrangeiro, e dos milhares de acusados que enfrentam o processo penal tradicional brasileiro. Evidencia-se então que o processo penal na realidade é um mecanismo de acumulação de poder pelo Estado, em que ocorre o confisco do conflito das partes e um protagonismo da participação estatal, que detém o poder decisório e acusador. Em um primeiro momento, o texto expõe o encastelamento do Poder Judiciário, envolto por uma série de regras de vestimenta, fala hermética e arquitetura ostensiva, que exclui aqueles que não fazem parte do mundo do Direito. Além disso, o acusado é visto como mero objeto do processo, fruto da necessidade de legitimação social da aplicação da pena e da rememorização do mal. No entanto, o réu pode ser reintegrado no processo penal por meio de uma evolução do paradigma retributivo para o restaurativo. A Justiça Restaurativa cria uma nova narrativa que promove o protagonismo na resolução do conflito aos atores sociais envolvidos, a vítima e o réu, resgatando a complexidade e humanidade dos conflitos penais.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

ACHUTTI, Daniel. Justiça Restaurativa e Sistema Penal: contribuições abolicionistas para uma política criminal do encontro. Rio Grande do Sul: PUC-RS, 2012. 15p. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/cienciascriminais/III/18.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2018.

BOLDT, Raphael. Processo penal e catástrofe: entre as ilusões da razão punitiva e as imagens utópicas abolicionistas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018. 186p.

CAMUS, Albert. O Estrangeiro. Trad.: Antônio Quadros. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2000. 85p.

CARVALHO. Luiza Maria S. dos Santos. Notas sobre a promoção da eqüidade no acesso e intervenção da Justiça. In: Slakmon, C., R. De Vitto, e R. Gomes Pinto, org., 2005. Justiça Restaurativa. p. 211-224. Brasília: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD.

CARVALHO, Salo de. O papel dos Atores do Sistema Penal na Era do Punitivismo (o exemplo privilegiado da aplicação da pena). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 273 p.

CHRISTIE, Nils. Conflict as Property. In: The British Journal of Criminology, vol. 17, n.1, 1977. 15p.

CHRISTIE, Nils. Uma razoável quantidade de crime. Trad.: André Nascimento. Rio de Janeiro: Revan, 2011. 200 p.

FARIELLO, Luiza de Carvalho. Justiça Restaurativa: o que é e como funciona. Conselho Nacional de Justiça. Brasília, 24 nov. de 2016. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/62272-justica-restaurativa-o-que-e-e-como-funciona>.Acesso em: 25 nov. 2018.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad.: Roberto Cabral de Melo Machado e Eduardo Jardim Morais. 3 ed. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002. 156 p. Disponível em: < http://files.philoethos.webnode.pt/200000028-67bb66814c/FOUCAULT%20-%20A%20verdade%20e%20as%20formas%20juridicas.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2018.

GIAMBERARDINO, André. Crítica da pena e justiça restaurativa: a censura para além da punição. Florianópolis: Empório do Direito, 2015. 235 p.

GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito & Literatura: ensaio de síntese teórica. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008. 130 p.

LIMA, C. S. S.; CHAVES, G. R. G. Dom Casmurro de Machado de Assis: Uma interface entre Direito e Literatura. Revista Ética e Filosofia Política, [S.I.], v. 2, n. 14, p. 151-163, 2012. Disponível: <http://www.ufjf.br/eticaefilosofia/files/2011/10/14_2_lima_chaves_10.pdf>. Acesso em: 12 set, 2018.

MARSHALL, Tony. The evolution of Restorative Justice in Britain. In: European Journal on Criminal Policy Research, vol. 4, n. 4, p. 21-43. Heidelberg: Springer, 1996.

MERLE, Jean-Christophe. German idealism and the concept of punishment. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. 224 p.

NUSSBAUM, Martha C. Justicia Poética: La imaginación literária y la vida pública. Barcelona: Editorial Andrés Bello, 1997. 183 p.

OST, François. Contar a Lei: As fontes do imaginário jurídico. Trad.: Paulo Neves. São Leopoldo: Unisinos, 2004. 462 p.

PETERLE, Luana do Amaral. Justiça restaurativa: a superação do paradigma punitivo. Revista Liberdades, ed. 19, mai/ago. 2015. p. 45-56. Disponível em: <http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?rcon_id=234>. Acesso em: 11 ago, 2018.

RUBIO, David Sánchez. Ciencia-ficción y derechos humanos. Una aproximación desde la complejidad, las tramas sociales y los condicionales contrafácticos. Revista PRAXIS, [S.l.], n. 64-65, p. 51-72, dec. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/praxis/article/view/4066>. Acesso em: 11 ago, 2018.

SALMASO, Marcelo Nalesso. Uma mudança de paradigma e o ideal voltado à construção de uma cultura da paz. IN: CNJ. Justiça Restaurativa: horizontes a partir da Resolução CNJ 225. Brasília: CNJ, 2016, p. 18-69.

Téléchargements

Publiée

2019-10-11

Numéro

Rubrique

GT 3 O Direito através da literatura