Hans Kelsen: identidade, historicidade e recepção literária para além da TPD

Autori

  • Ricardo Gaulia Borrmann Ludwig-Maximilians-Universität
  • Thaís Janaína Wenczenovicz Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)

Parole chiave:

Brasil, identidade, Hans Kelsen.

Abstract

O presente artigo apresenta elementos biográficos de Hans Kelsen no que tange a sua construção identitária/profissional e sua colaboração teórica ao campo do Direito e Literatura. Kelsen foi um jurista e filósofo, descendente de família de judeus, sendo considerado um dos mais importantes e influentes estudiosos do Direito do século XX. Também é considerado um dos produtores literários mais profícuos de seu tempo, tendo publicado centenas artigos e diversos livros, com destaque para a Teoria Pura do Direito (Reine Rechtslehre) pela difusão e influência alcançada. De família judaica, sendo ele mesmo ateu, Kelsen, foi perseguido pelo nazismo onde emigrou para a Suíça e depois para os Estados Unidos, local o qual permaneceu até a morte. Também exerceu a função de docente na Universidade de Berkeley, Califórnia. Sofreu severas críticas por parte das correntes filosóficas não-juspositivistas, alegando que sua teoria pura do direito limita o conhecimento jurídico, enquanto objeto de estudo científico, à sua dimensão estatal, mais precisamente à norma, apartando da discussão sobre o direito a própria realidade histórica que o circunda e que o origina. De acordo com essas críticas, a teoria de Kelsen não permitiria o estudo das relações entre normas jurídicas e os valores sociais (moral e ética). Constata-se, pois, que o pensamento de Kelsen não fazia unanimidade. Apesar disso, os princípios fundantes de seu raciocínio jurídico-científico permitiram o desenvolvimento da análise lógica entre leis e técnicas jurídicas, e hoje são reconhecidas, servindo de base para muitas das instituições jurídicas que sustentam o dogmatismo jurídico ideal.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Ricardo Gaulia Borrmann, Ludwig-Maximilians-Universität

Pesquisador/bolsista do Serviço de Intercâmbio Acadêmico Alemão Deutscher Akademischer Austausch Diens (DAAD) Universidade de Munique, LMU-München. Ludwig-Maximilians-Universität.

Thaís Janaína Wenczenovicz, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)

Docente Adjunta na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Docente colaboradora do Programa de Pesquisa e Extensão e Pós-Graduação em Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC.

Riferimenti bibliografici

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.

BACKES, Marcelo. Um escritor fala sempre de si mesmo: uma juventude vienense e a autobiografia de Arthur Schnitzler. Passagens – Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, p. 343-355, set.-dez. 2011.

BAYER, Kurt G. Hans Kelsen: vida y obra. Revista de la Facultad de Derecho de la UNAM (Universidad Autónoma de México), tomo LV, n. 244, abr. 2005.

BERTONHA, João Fábio. Plínio Salgado: biografia política, 1895-1975. Tese (Livre Docência em História) –Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

BORDA, Luís Villar. Der Einfluss der Reinen Rechtslehre in Kolumbien. In: WALTER, Robert (Org.). Untersuchungen zur Reinen Rechtslehre II. Viena: Manz, 1988.

COELHO, Fábio Ulhoa. Para entender Kelsen. São Paulo: Saraiva, 2010.

DIAS, Gabriel Nogueira. O positivismo jurídico e a teoria geral do direito na obra de Hans Kelsen. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 2010.

DIAS, Gabriel Nogueira. ‘Legislador negativo' na obra de Hans Kelsen: origem, fundamento e limitações à luz da própria Reine Rechtslehre. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais, Belo Horizonte, ano 4, n 15. jul.- ago. 2010.

DINES, Alberto. Morte no paraíso: a tragédia de Stefan Zweig. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

DREIER, Horst. Jurist des Jahrhunderts?. In: STOLLEIS, Michael et. al. (Org.). Deutsche Juristen jüdischer Herkunft. Munique: Beck, 1993. p. 705-732.

GAY, Peter. Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

HOBSBAWN, Eric. Tempos fraturados – cultura e sociedade no século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

HUTTAR, Martina. Hans Kelsen und Sigmund Freud – Unmittelbare und mittelbare Bezugnahmen sowie möglich Einflüsse. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Universidade de Viena, Viena, 2011.

JESTAEDT, Matthias. Hans Kelsens Reine Rechtslehre – Eine Einführung. In: KELSEN, Hans. Reine Rechtslehre. Tubinga: Mohr Siebeck, 2008.

JABLONER, Clemens. Kelsen and his Circle: the viennese years. European Journal of International Law, v. 9, p. 368-385, 1998.

KELSEN, Hans. Autobiografia de Hans Kelsen. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.

KELSEN, Hans. Autobiographie (1947). In: JESTAEDT, Matthias (Org.). Hans Kelsen Werke: Band 1 – Veröffentlichte Schriften 1905-1910 und Selbstzeugnisse (HKW 1). Tubinga: Mohr Siebeck, 2009. p. 29-91.

KELSEN, Hans. Der Begriff des Staates und die Sozialpsychologie. Mit besonderer Berücksichtigung von Freuds Theorie der Masse. Imago: Zeitschrift für die Anwendung der Psychoanalyse auf die Geisteswissenschaften, VIII, 1922.

KOENEN, Andreas. Der Fall Carl Schmitt: sein Aufstieg zum Kronjuristen des Dritten Reiches. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1995.

KORB, Axel-Johannes. Kelsens Kritiker: Ein Beitrag zur Geschichte der Rechts- und Staatstheorie (1911-1934). Tubinga: Mohr Siebeck, 2010.

KUNZ, Josef L. An Introduction to Latin-American Philosophy of Law. University of Toronto Law Journal, v. 15, n. 2, p. 259-282, 1964.

MACINTYRE, Alasdair C. Depois da virtude. São Paulo: EDUSC, 2001.

MÉTALL, Rudolf Aladár. Hans Kelsen Leben und Werk. Viena: Franz Deuticke, 1969.

NEDER, Marcelo. O grotesco de câmara na literatura de Arthur Schnitzler. Passagens - Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, p. 356-397, set.-dez., 2011.

PAULSON, Stanley. The Neo-Kantian Dimension of Kelsen's Pure Theory of Law. Oxford Journal of Legal Studies, v. 12, n. 3, p. 311-332, 1992,

PRUTSCH, Ursula. Iberische Diktaturen: Portugal unter Salazar, Spanien unter Franco. Innsbruck: Studien-Verlag, 2012.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

ROBLE, Gregório. Hans Kelsen. In: DOMINGO, Rafael (Org.). Juristas universales: juristas del siglo XX, de Kelsen a Rawls. Madrid: Marcial Pons; Barcelona: Ediciones Jurídicas y Sociales, 2004. v. 4. p. 69-76.

SCHWARTZMAN, Simon et al. Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra; Fundação Getúlio Vargas, 2000.

SANTOS, Jarbas Luiz dos. O direito e justiça: a dupla face do pensamento kelsiano. Belo Horizonte: Del Rey, 2011.

SCHORKE, Carl E. Pensando com a história: indagações na passagem para o Modernismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

SCHORKE, Carl E. Fin-de-Siècle Vienna: politics and culture. Nova Iorque: Knopf, 1980.

SGARBI, Adrian. Hans Kelsen: ensaios introdutórios. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

TERTULIAN, Nicolas. Carl Schmitt zwischen Katholizismus und Nationalsozialismus. In: PIRCHER, Wolfgang (Org.). Gegen den Ausnahmezustand: zur Kritik an Carl Schmitt. Viena: Springer, 2011.

TERTULIAN, Nicolas. Carl Schmitt: teologia política e o princípio do líder. Espaço de interlocução em ciência humanas, ano VII n. 13, abr. 2011.

VASCONCELOS, Vítor Vieira. A crítica da teoria pura do direito em Hans Kelsen: os objetivos do direito e as normas primárias e secundárias. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2004.

VELLOSO, Mônica Pimenta. Cultura e poder político: uma configuração do campo intelectual. In: OLIVEIRA, Lúcia Lippi; VELLOSO, Mônica; GOMES, Ângela Maria de Castro (Org.). Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982.

VENANCIO Filho, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 de ensino jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2011.

WALTER, Robert; OGRIS, Werner; OLECHOWSKY, Thomas. Hans Kelsen: Leben – Werk – Wirksamkeit. Viena: Manz, 2009.

WILLIAMS, Margaret Todaro. Church and State in Varga's Brazil: the politics of cooperation. Journal of Church and State 18, p. 443-462, 1976.

Pubblicato

2016-06-29

Fascicolo

Sezione

GT 1