Policarpo Quaresma e o cidadão contemporâneo: um triste fim da cidadania brasileira?

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo apresentar à comunidade acadêmica uma discussão proveitosa das interfaces existentes entre Direito e Literatura por meio da análise do romance pré-modernista Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, traçando-se um paralelo com o entusiasmo nacionalista solitário do personagem protagonista e o exercício da cidadania que, na atualidade, é abarcado pela dogmática constitucional de um modelo participativo, mas escondido sob o véu o cultura do individualismo cotidiano, fenômeno notoriamente percebido pela sociologia nessa virada de século. Incrivelmente, hoje ainda, vê-se uma ridicularização pela busca dos ideais que não os individuais, passando de qualidade a defeito a característica nobre de luta pelo direito da coletividade, de uma política justa e da exaltação da cultura do país. A obra propõe, por meio do personagem caricato, um meio simbólico de retratar o déficit de cidadania, ideia esta que se perpetua até a atualidade pela cultura político-legal globalizada do país criadora do fenômeno de alienação. Assim, percebe-se que a literatura traz consigo o retrato de fenômenos sociais que, ao longo de anos, não se modificam na sua essência, podendo ser analisado sob o ponto de vista da cultura jurídica atual sob novo viés duma abordagem interdisciplinar.