MACHADO DE ASSIS E JOSÉ SARAMAGO CONTRA O POSITIVISMO

Abstract

RESUMO: Machado de Assis foi um crítico afiado do positivismo, o que podemos observar a partir de 1878, quando em um artigo sobre Eça de Queiroz ele se volta contra a influência da escola naturalista, que se apoia em esquemas positivistas na literatura. Essa crítica assume dimensões ainda mais completas através do conto “O Alienista”, que satiriza os postulados do cientificismo positivista quando aplicados à psicologia, à condução do estado, à formação das leis e à aplicação do direito penal. Um século depois, o autor português José Saramago também irá questionar, a partir de sua obra ficcional, os pressupostos formalistas e falaciosos do Estado de Direito (cuja base também é o positivismo). Comparar esses dois importantes autores da língua portuguesa pode nos leva a refletir sobre as mudanças e as permanências históricas da influência positivista ao redor do mundo. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho será estudar traços exemplares de Machado de Assis e de José Saramago com foco nesse substrato anti-positivista de suas obras. Para empreender essa comparação, serão mobilizadas teorias estéticas de corte dialético, como as propostas por Theodor Adorno, György Lukács e Roberto Schwarz.