Ocultação, linguagem e políticas públicas: análise do “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus

Autores

  • Laura Dias Rodrigues de Paulo Universidade Federal de Ouro Preto

Palavras-chave:

“Quarto de despejo”, ocultação, linguagem, invisibilidade

Resumo

O trabalho analisará a narrativa contida no livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, moradora da favela Canindé, na década de cinquenta, localizada às margens do rio Tietê, em São Paulo, Brasil. A autora retrata o quadro de ocultação e invisibilidade que os marca. Fome, péssimas condições de vida, de saneamento básico, de educação, serviços de saúde e poucas oportunidades de trabalho são, apenas, alguns dos elementos que perpassam a narrativa de Carolina de Jesus. Em contrapartida, São Paulo vivia a efervescência da modernização e recente industrialização com rápido e intenso crescimento econômico. No entanto, as consequências de tal processo foram sentidas por pessoas como Carolina Maria de Jesus e seus vizinhos, que não foram absorvidos pelo mercado de trabalho e, sequer, pela própria cidade em si, sendo obrigados a viverem, literalmente, às margens da sociedade. A narrativa da autora consegue dar visibilidade ao fenômeno, o que permite uma relação com o potencial emancipatório que a linguagem tem, conforme Jürgen Habermas ensina. 

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Biografia do Autor

Laura Dias Rodrigues de Paulo, Universidade Federal de Ouro Preto

Mestranda em Novos Sujeitos Novos Direitos pela Universidade Federal de Ouro Preto, Especialista em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto e Oficiala do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Referências

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Publicado

2018-08-18

Edição

Seção

GT 2 Direito, linguagem e narrativa