A ÉTICA DO CUIDADO DE CAROL GILLIGAN E A MATURIDADE MORAL FEMININA NO FILME QUE HORAS ELA VOLTA?

Autores

Palavras-chave:

ética do cuidado, julgamento moral, epistemologia feminista, linguagem cinematográfica, direito e arte.

Resumo

Este trabalho pretende investigar a definição de ética do cuidado na perspectiva da teoria moral de Carol Gilligan, a partir da personagem Val do filme Que horas ela volta? O estudo sobre desenvolvimento moral de Gilligan revelou a existência de um permanente preconceito observacional e valorativo na construção das teorias morais, invisibilizando uma concepção alternativa de maturidade: a ética do cuidado, segundo a qual a consciência da conexão interpessoal enseja o reconhecimento da responsabilidade de uns pelos outros. A personagem Val, do filme brasileiro Que horas ela volta? (2015), comunica esse "eu" próprio da experiência moral feminina: Val, mulher pernambucana, vai para São Paulo em busca de emprego, deixando para trás sua filha, que fica aos cuidados do pai. O conflito moral permanente por trás da personagem é sua autocondenação ante a impossibilidade de exercer a atividade de cuidar da filha. As análises do discurso fílmico de Que horas ela volta? costumam facear a subjugação da mulher negra nos empregos domésticos e o mal-estar de classe gerado pela posterior chegada da filha de Val em São Paulo, mas o aspecto moral e psicológico da situação costuma ser deixado de lado, tema sobre o qual este trabalho se debruça.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Victor Fernando Alves Carvalho, Universidade Federal de Sergipe

Bacharel e Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Sergipe.

Referências

ALVES, Miriam Coutinho de Faria. Derecho, género y literatura en la obra narrativa de Clarice Lispector: apuntes iniciales. In: TRINDADE, André Karam; GUBERT, Roberta Magalhães; COPETTI NETO, Alfredo (org.). Direito e literatura: ensaios críticos. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008, p. 135-145.

ARAÚJO, Denise Castilhos de; LOPES, Poliana. Que horas ela volta? Percepções do discurso fílmico por blogueiras feministas do Brasil. Ex aequo, Lisboa, n. 36, p. 203-219, dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.22355/exaequo.2017.36.12. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602017000200013. Acesso em: 15 jan. 2020.

BENHABIB, Seyla. Feminismo y posmodernidad: una difícil alianza. In: AMORÓS, Celia; DE MIGUEL, Ana (org.). Teoría feminista: de la Ilustración a la globalización. Del feminismo liberal a la posmodernidad. Madrid: Minerva Ediciones, 2007, p. 319-342.

BIAGGIO, Ângela Maria Brasil. Lawrence Kohlberg: ética e educação moral. São Paulo: Moderna, 2002.

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2009.

DUSSEL, Enrique. 1492 – o encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade. Conferências de Frankfurt. Petrópolis: Vozes, 1993.

FERREIRA, Rui Fernando Correia; MUNIZ, Reynaldo Maia; ALMADA, Lívia. O conceito do ócio vicário no filme "Que Horas Ela Volta?": revisitando Thorstein Veblen em uma perspectiva dos fenômenos socioeconômicos. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 305-323, jun. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1679-395172746. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512019000200305. Acesso em: 15 jan. 2020.

GILLIGAN, Carol. Uma voz diferente: psicologia da diferença entre homens e mulheres da infância à idade adulta. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1982.

HARDING, Sandra. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 1, n. 1, p. 7-32, 1993.

KUHNEN, Tânia Aparecida. O princípio universalizável do cuidado: superando limites de gênero na teoria moral. 2015. 383 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

LEDERACH, John Paul. Transformação de conflitos. São Paulo: Palas Athena, 2012.

LIMA JUNIOR, Oswaldo Pereira de; HOGEMANN, Edna Raquel. "O conto da aia": a (des)pessoalização como dimensão epistêmico-moral fundadora da condição de sujeito de direito da mulher. Anamorphosis – Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 69-93, jan.-jun. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.21119/anamps.51.69-93. Disponível em: http://rdl.org.br/seer/index.php/anamps/article/view/470/pdf. Acesso em: 15 jan. 2020.

NODDINGS, Nel. O cuidado: uma abordagem feminina à ética e à educação moral. São Leopoldo: Unisinos, 2013.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.

TAYLOR, Charles. Argumentos filosóficos. São Paulo: Loyola, 2000.

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São Paulo: Palas Athena, 2008.

Downloads

Publicado

2020-10-26

Edição

Seção

GT 4 Direito e Humanidades