O PODER DE TUDO DIZER DA LITERATURA E A DEMOCRACIA DO POR VIR: ENSAIO A PARTIR DE JACQUES DERRIDA

Autores

  • Augusto Lacerda Tanure Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Fransuelen Silva Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

literatura, democracia, liberdade de expressão, Derrida

Resumo

Resumo: A partir da leitura de Essa estranha instituição chamada literatura, de Jacques Derrida, este artigo pretende refletir sobre a liberdade de expressão da literatura articulada ao pensamento da desconstrução. O texto propõe aproximar o poder de tudo dizer da literatura e a irresponsabilidade da escrita literária frente aos poderes ideológico, político e jurídico. Para tanto, serão invocados os livros Divórcio, de Ricardo Lísias, e Diários de cadeia, de Eduardo Cunha (pseudônimo) e a compreensão de literatura e democracia do por vir, de Jacques Derrida. Dessa forma, questionar-se-á a necessidade de se garantir a maior liberdade de expressão à literatura. Enquanto uma instituição estranha - capaz de suspender suas próprias leis e, com isso, assumir um lugar de não-lugar, de não essência ou identidade - essa é capaz de tudo expressar e questionar, e, ao mesmo tempo, se deixar neutralizar pela sua ficcionalidade. Assumindo tal possibilidade de embaralhar as supostas distinções entre ficção e não-ficção, o escritor não deve responder por seu pensamento ou escritura diante dos poderes constituídos e assume uma grande cena naquilo que Derrida chama de democracia do por vir.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 82.424-2/RS. Paciente: Siegfried Ellwanger. Impetrante: Werner Cantalício João Becker. Coator: Superior Tribunal de Justiça. Relator: Ministro Moreira Alves. Brasília, 2003. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=79052>. Acesso em: 26 jul. 2019.

BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Medida cautelar: 0030603-92.2016.8.19.0001. Juiz de Direito: Alberto Salomão Júnior. Julgada em 02 de fevereiro de 2016. Disponível em: <http://www1.tjrj.jus.br/gedcacheweb/default.aspx?UZIP=1&GEDID =0004F425A918D48D8F7B6E3D087FD80119CAC50A0129170C> Acesso em: 26 jul. 2019.

CUNHA, Eduardo [Ricardo Lísias]. Diário da Cadeia: com trechos da obra inédita: impeachment. Rio de Janeiro: Record, 2017.

CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca, 1999.

DERRIDA, Jacques. Declarations of Independence. In: J. DERRIDA, Negotiations. Stanford, Stanford University Press, 2002.

DERRIDA, Jacques. Essa Estranha Instituição chamada Literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

DERRIDA, Jacques. Paixões. Campinas: Papirus, 1995.

DUQUE-ESTRADA, Paulo Cesar. Alteridade, Violência e justiça: trilhas da desconstrução. In Desconstrução e Ética - ecos de Jacques Derrida. Org. Paulo Cesar Duque-Estrada. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RIO; São Paulo:Loyola, 2004

FILIPIOVIC, Zlatan. For a Future to come: Derrida’s democracy and the right to literature. Journal of East-West Thought (JET), v. 3, n. 1, p. 13-24, 2013. Disponível em: http://www.diva-portal.org/smash/record.jsf?pid=diva2:589725. Acesso: 11 jul. 2019.

LÍSIAS, Ricardo. Divórcio. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

MONTEIRO, Pedro Meira. “Como falar a verdade”. Celeuma, Ano I, 2013. Disponível em: http://mariantonia.prceu. usp.br/celeuma/? Q=revista%2F3%2Fresenhas%2Fcomofalar-verdade. Acesso: 04-07-19.

RODRIGUES, Carla. Paixões da literatura: ética e alteridade em Derrida. Sapere Aude, Belo Horizonte, v. 4, n. 7, p. 47-59, jun. 2013. ISSN 2177-6342. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/5473>. Acesso em: 10 jul. 2019.

Downloads

Publicado

2020-10-26

Edição

Seção

GT 2 Direito, linguagem e narrativa