O PODER DE TUDO DIZER DA LITERATURA E A DEMOCRACIA DO POR VIR: ENSAIO A PARTIR DE JACQUES DERRIDA

Auteurs

  • Augusto Lacerda Tanure Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Fransuelen Silva Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Universidade Federal de Minas Gerais

Mots-clés :

literatura, democracia, liberdade de expressão, Derrida

Résumé

Resumo: A partir da leitura de Essa estranha instituição chamada literatura, de Jacques Derrida, este artigo pretende refletir sobre a liberdade de expressão da literatura articulada ao pensamento da desconstrução. O texto propõe aproximar o poder de tudo dizer da literatura e a irresponsabilidade da escrita literária frente aos poderes ideológico, político e jurídico. Para tanto, serão invocados os livros Divórcio, de Ricardo Lísias, e Diários de cadeia, de Eduardo Cunha (pseudônimo) e a compreensão de literatura e democracia do por vir, de Jacques Derrida. Dessa forma, questionar-se-á a necessidade de se garantir a maior liberdade de expressão à literatura. Enquanto uma instituição estranha - capaz de suspender suas próprias leis e, com isso, assumir um lugar de não-lugar, de não essência ou identidade - essa é capaz de tudo expressar e questionar, e, ao mesmo tempo, se deixar neutralizar pela sua ficcionalidade. Assumindo tal possibilidade de embaralhar as supostas distinções entre ficção e não-ficção, o escritor não deve responder por seu pensamento ou escritura diante dos poderes constituídos e assume uma grande cena naquilo que Derrida chama de democracia do por vir.

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Publiée

2020-10-26

Numéro

Rubrique

GT 2 Direito, linguagem e narrativa