A presença constante de "Capitães da areia" no cenário social brasileiro de ontem e sempre
Keywords:
Abandono, Poder familiar e Estado, Estado da Criança e do Adolescente, Adoção, Instituto da perda de uma chance.Abstract
O objetivo do presente artigo é mostrar como a obra Capitães da Areia, de Jorge Amado, publicada em 1937, pode ser lida e interpretada na atualidade. O romance narra a vida e as dificuldades enfrentadas por um grupo de menores abandonados, em Salvador/BA, na década de 30, cuja realidade, ainda hoje pode ser observada, vislumbrando-se a total violação dos direitos de crianças e adolescentes garantidos pela Constituição da República de 1988 e pela Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). Destarte apresenta-se a análise do abandono não literário, tanto em relação ao não cumprimento do poder familiar pelos pais, quanto pela negligência e descaso do Estado, em não efetivar políticas públicas direcionadas a essa jovem parcela da população. Será ainda retratado, neste trabalho, a ideia de conscientização de pessoas predispostas a adotarem e a falta de celeridade no processo de adoção, que deveria ser uma estratégia dinâmica de proteção e de acolhimento dessas crianças à sociedade. Outro ponto a ser destacado é a instituto da perda de uma chance relacionada ao abandono, que demonstra o que essas crianças deixaram de ganhar, não apenas na esfera material, mas também psicologicamente. A ausência de proteção e carinho, sentida por essas crianças e adolescentes, no cenário de pobreza e abandono em que vivem, favorece a entrada, da maioria deles, para a criminalidade. Essa população juvenil carente, do modo como vem sendo tratada, não é capaz de discernir se tem ou não futuro dentro da sociedade brasileira.
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