O direito e a literatura cruzando os caminhos da justiça poética: uma estrada sem fim?

Autores

  • Isabel Cristina Brettas Duarte CNESC/IESA
  • Angelita Maria Maders URI/Santo Ângelo

Palavras-chave:

direito, literatura, justiça poética, imaginação literária.

Resumo

Este trabalho analisa as relações entre o Direito e a Literatura na construção de uma justiça poética na vida pública e na imaginação literária, tendo por pressuposto teórico a obra “Justicia poética: la imaginación literária y la vida pública”, de Martha Nussbaum. A importância do tema está no fato de que a compreensão desses mecanismos deve-se fazer presente na vida pública, cuja essência perpassa ideais de justiça, igualdade e cidadania. Parte-se do pressuposto de que o profissional do Direito exerce um trabalho de contínua interpretação; interpretação inerente às obras literárias, cujos personagens, cenários, situações e enredos têm muito a ilustrar para diversas possibilidades de compreensão do Direito, as quais somente podem ser exploradas pela palavra enquanto condição de possibilidade, pois, na esteira de Lênio Luiz Streck, “palavra é pá-que-lavra”, sendo na criatividade que se insere a possibilidade de uma “justiça poética”. Para fundamentar tal teoria, a Nussbaum defende a Literatura no Direito como um antídoto contra o superficial cientificismo tecnicista que caracteriza o Direito, na medida em que a justiça extrai forças da poesia e da ciência social: a compreensão literária elimina os estereótipos que criam os ódios coletivos, ajuda as pessoas a se identificarem com grupos marginalizados e oprimidos, pois a Literatura é perturbadora, suscita emoções, intriga, inquieta e provoca confrontações com pensamentos e intenções. O método utilizado é o bibliográfico.

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Biografia do Autor

Isabel Cristina Brettas Duarte, CNESC/IESA

Mestre em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI/Campus de Santo Ângelo/RS (área de concentração: Direitos Especiais). Mestre em Letras pela URI/Campus de Frederico Westphalen/RS (Área de concentração: Literatura). Licenciada em Letras-Espanhol pela URI/Campus de Frederico Westphalen/RS. Advogada da Procuradoria-Geral do Município de Santo Ângelo/RS. Professora do curso de graduação em Direito da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade/Instituto de Ensino Superior de Santo Ângelo - CNEC/IESA.

Angelita Maria Maders, URI/Santo Ângelo

Defensora Pública do Estado na Comarca de Santo Ângelo/RS, Professora do Mestrado e do Curso de Direito da URI e da UNIJUÍ, Mestre em Gestão, Desenvolvimento e Cidadania pela Unijuí e Doutora em Direito pela Universidade de Osnabrück, (Alemanha), Pós-Doutora pela Universidad de Santiago de Chile, membro do grupo de pesquisa “Tutela dos Direitos e sua Efetividade”, registrado no CNPq e sustentação da linha de pesquisa Cidadania e novas formas de solução de conflitos, do Mestrado em Direito da URI Santo Ângelo, coordenadora do grupo de pesquisa “O pensamento complexo e os novos direitos” do Mestrado em Direito da URI Santo Ângelo, e membro do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul

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Publicado

2016-07-18

Edição

Seção

GT 1