O absurdo da teoria do direito brasileiro em tempos de pandemia: conjecturas a partir da obra "A peste", de Albert Camus

Autores

  • Elda Coelho de Azevedo Bussinguer Faculdade de Direito de Vitória
  • Alberto Dias de Souza Faculdade de Direito de Vitória

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.72.471-501

Palavras-chave:

Direito, Literatura, Coronavírus, Camus.

Resumo

O artigo analisa o desenvolvimento da Teoria do Direito brasileiro, no contexto da pandemia da síndrome COVID-19, em 2020, com enfoque na ciência normativa, a partir da perspectiva filosófica do absurdo exposto na obra A peste, de Albert Camus (1913-1960). Desde o começo do ano de 2020, o Estado Brasileiro foi colocado diante da problemática global do contágio errático e acelerado do vírus SARS-COV-2. Grande quantidade de textos normativos foram editados, em todas as esferas da federação, para justificar a ação pública estatal, em prol do controle social jurídico. Os constantes entreveros do poder, somados à desaceleração econômica forçada pelo isolamento social, trouxeram elementos de desconfiança e negação da ação estatal, mesmo embasada pelo Direito. Situação próxima é vista em Camus, em quem se verifica que, à vista de uma epidemia, o pior dos indivíduos fica à mostra, porquanto se abandona a coesão social de solidariedade. A metodologia empregada tem foco em pesquisa bibliográfica. A conclusão identifica a presença da mesma negação presente no absurdo, já apregoada pelo pensador argelino em meados do século XX, o que representa, na esfera pública, uma ameaça à continuidade da higidez democrática. 

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Biografia do Autor

Elda Coelho de Azevedo Bussinguer, Faculdade de Direito de Vitória

Livre Docente pela Universidade do Rio de Janeiro (UniRio). Pós-doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em Bioética pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direito Mestrado e Doutorado em Direitos e Garantias Fundamentais da Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Editora da Revista Direitos e Garantias Fundamentais - Qualis A1. Coordenadora do BIOGEPE- Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Políticas Públicas, Direito à Saúde e Bioética. Vice presidente da Sociedade Brasileira de Bioética. Professora Associada II aposentada da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Lattes: http://lattes.cnpq.br/8933361259561564

Alberto Dias de Souza, Faculdade de Direito de Vitória

Doutorando em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória. Bacharel em Direito (2009) e Especialista (Lato Sensu, 2012) em Direito Constitucional pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - Sobral(CE). Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (2017). Professor da Faculdade Luciano Feijão (FLF), em Sobral - CE (2016-atualmente).

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Publicado

2021-12-30

Como Citar

BUSSINGUER, E. C. de A.; SOUZA, A. D. de. O absurdo da teoria do direito brasileiro em tempos de pandemia: conjecturas a partir da obra "A peste", de Albert Camus. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p. 471–501, 2021. DOI: 10.21119/anamps.72.471-501. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/877. Acesso em: 5 fev. 2025.

Edição

Seção

Artigos